Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

Da mentira com fundamento

Aos invejosos que mentem, enganam e ainda querem ter razão.

Falou que Deus não quis dar asa à cobra
Seria um bicho ameaçador
Mas tem uma peste delas avoando
Que o diabo fez
(Raul Seixas)

Se for pra mentir, que seja pra esconder alguma coisa relevante que vá magoar o bem querer ou pra tornar a vida mais bonita. É uma ingenuidade até bela. Agora, mentir pra conseguir alguma coisa prejudicando com total consciência o outro é uma coisa muito podre, tão podre que tampa os sentidos e a gente não consegue nem sentir o cheiro. A falsidade é uma coisa tão sutil, né? Tanto que é toda sonora, não-vibrante, que nem o sibilo da serpente pedindo silêncio. E tem serpente que é tão linda que a gente se ilude mesmo. É aquela coisa, tem pouco dente, sem membros, olhos pequenos, tem quem desconfie não. A FALSSSIDADE segue rastejando atrás do invejado junto ao INTERESSSE, vai bulindo ao redor, catando tudo o que pode pra depois inverter a vida de algum pobre coitado que ainda tem coragem e inocência de acreditar em conversa pra boi dormir. Essas coisas puxam a gente pra trás de um jeito que a gente nem sente, só percebe depois que se livra, por sorte ou por acaso, no arranque que a vida dá. O lado ruim é que nem todo mundo percebe junto, ai fica aquela pontinha sempre tentando trazer à tona o bicho ruim que persiste em rodear o terreno esperando algum descuido. Sei não, mas na minha cidade isso se resolve num é no facão não, é na mão mesmo. Ou pior, nem na mão, mas na palavra. Ou no silêncio. E a minha negação da palavra tem a dizer só uma coisa: quem tenta envenenar, engole o próprio veneno.

Nenhum comentário: