Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Entre nós

Um emaranhado de pensamentos rodeavam a cabeça de Lídia como se buscassem fazê-la sentir aquela perda repentina. Enroscavam-se cada vez mais e menos faziam sentido. A desculpa - Isso fica entre nós, disse ele. Mas acabou que ficou somente com ela o desespero e a dormência entrelaçados por perder alguém tão cedo, antes mesmo do sol nascer. Que esperasse pelo menos a luz do dia, pensou, mas não deu tempo. Não deu tempo de escrever, de ligar, de bater em sua porta, tinha que ser naquele agora e só. O nó da corda tão perfeito como o de quem sai bem cedo pra pescar e que em alto mar enrosca rede, isca e anzol, e espera. Não pode esperar mais nem um minuto. O nó foi um só. O nós também. Desatou antes que fizesse sentido, mas nunca mais voltou aquilo que o prendia a ela.

[em processo de amarração]