Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Desespera

Prometi esperar, e aqui estou, mesmo sem saber da tua espera, na correria de um tempo que não é mais meu. Nem te notei dizer por alto, sem promessas, que quando se viria, por onde seria. Assim espero por dúvida e por amor, sem saber quantas juras nos prendem agora, sem contar relógios, sem pressas ou atrasos. Nem sei mesmo se parado aqui sou dono dessa espera ou passivo da tua vinda, se deixei migalhas no caminho para que me achasse ou se você, despercebida de cada grão, as perdia passo a passo. Nesse espaço curto do quarto que me deixaste inteiro e pleno começo a duvidar também do próprio tempo, se já passamos por ele ou se teimamos em alcançá-lo, ou se numa transcendência absurda nos tornamos o instante imediato e dissoluto, a dar corda no presente que nunca será nosso, breves e eternas abstrações a confundirem-se entre passado e futuro, nada mais. Espero por ti, mesmo sabendo que já era.