Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Só mais um copo...

Quando você começa a usar uma droga, ela parece te iniciar num ritual infinito de puro êxtase. O tempo vai esvaindo, o efeito vai constante... Até que chega a um ponto em que você simplesmente não suporta mais. Nem uma gota. Apesar de ser intensamente boa, exige um fim com ponto final; nada de reticências.

A opinião não muda, só os fatos. E eu quero um fim. Eu quero o diferente. E posso, ao menos, querer! Não posso? Não posso mais calar meu eu. Não quero, não suporto.

Ao menos querer.

Canso de tanta repressão. Meu corpo exige liberdade. Liberdade de mim mesma.

Desabafo. Exijo. Apesar de tudo... Eu posso, ao menos, querer. Posso. E quero solidão, onde eu posso e sou livre.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Rimas que necessitam

O que me contradiz
não diz quem sou
Perco-me num ciclo
de contradições
Num vício
de relações
Um vínculo
sem interrupções
Meus olhos
não costuram mais
a minha coragem
E a minha força
não reflete mais
a minha imagem
O que fui
não voltarei
O que sou
não acostumarei
E o que digo...
Nunca serei.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Monólogo

— tenho poucas personagens, por isso minha vida é tão monótona.
— você tem que aprender a representar.
— não consigo ir tão longe.
— o mundo é uma farsa.
— que me esmaga todos os dias.
— assim você não consegue "ir levando".
— mas eu tenho medo.
— medo? todos temos medo. representamos coragem e é fácil.
— não sei.
— você é um tolo. ter medo de encenações, onde já se viu?
— não sei do que tenho medo: se de como o mundo irá me ver ou de me ver como o mundo.
— bobagem.
— fraqueza?
— as máscaras estão disponíveis para quem quiser. sorria mais!
— incomodam-me à noite.
— é só não pensar. você pensa que eles pensam? fingem que pensam. fingem que acreditam. fingem que são. o mundo finge, meu caro. o tempo todo.
— o mundo me sufoca.
— você se sufoca.
— eu me tenho dentro de mim.
— finja. tristeza, felicidade, não importa; o importante é ser.
— mas eu sou!
— ser só para si não é ser. é preciso ser para todos.
— sou para mim e já não sinto quem sou. ser para o mundo é arriscado.
— riscos fazem parte.
— cansei de encenar.
— então...
— então decidi ir para casa e não assistir mais a esse espetáculo.
— você é tédio.
— Sou.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Aliterações.

As mágoas dela são iguais.
As mesmas palavras, o mesmo ritmo, as mesmas decepções.
As lágrimas que me fogem hoje, idênticas as de outrora.
A dor...

A mesma.
As mesmas.

ou Tu que és igual?

Nenhuma novidade passará por ti daqui pra frente.
Só os outros terão a maravilhosa sensação da primeira vez.

Fica-te, paixão!
Que eu sigo.