Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Ela que nem...

Quando estava chegando em casa, chovia uma chuva fina, leve, quase não molhava, quase nem chovia. Eu olhava pro seu céu e via aquelas gotinhas sutis caindo, tímidas, sem querer tocar nada, nem a mim. Como ela. Ela, que me cai pouco, que é discreta, mas tão sincera, que não consegue se dar a mim, porque afinal não é pra mim, nem eu. Perto de casa, quase chegando, não tive pressa, não me molharia, só corri quando lembrei que poderia ter algo na caixinha de mensagens, talvez dela, reclamando do meu atraso, ou do meu descaso, que nem tenho noção. E ela tem noção? Claro que não. Pois minto, ou escondo, ou ela não vê, disfarces, mil faces. Só sei que cheguei em casa, que vim numa chuva miúda, e tive vontade de tê-la mais perto, tão mais perto do que de costume, e não a tive, pra variar, e não a terei, como sempre. Porque tudo o que foi meu nunca foi meu. E, sei lá, nunca nada é nosso mesmo. Essa coisa toda de ninguém ser de ninguém. E meu, menos ainda. Ela então...

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