Quem nos roubou o orgasmo dos olhos,
o gesto de socorro das mãos,
o sorriso de fraternidade,
o abraço que antes pousava no abraço do irmão?
Quem matou em nós o casulo da esperança,
a teia das ilusões,
e construiu em seu lugar
extensas muralhas de tristeza?
Quem destruiu a ponte silenciosa dos suspiros,
derramando-lhes nos flancos
a solidão de um barco sem destino
a flutuar sobre águas esmaecidas
em noites negras, sem abraços?
Alguém fez de nós estes espectros solitários
a beber sombras salgadas e bêbadas
nas densas paragens de intermináveis noites
sem estrelas.
Poesia de Giselda Medeiros
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