Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 18 de dezembro de 2009

Agonia de ser

Minha vida é tentativa, vivo de tentativas, tolas insistências em vão. Ontem falhei. Hoje falho. Amanhã? Já não tenho pressa para o amanhã. Transformo cada segundo dessas noites efêmeras em infinitas fugas para o nunca mais. Luto a cada instante contra o que virá, o que é, e o que se foi tento expelir distante como num espirro em espontaneidade infantil. Estou aqui querendo ir embora, tentando ficar, tentando ir. Falho. Ajo inutilmente por nada. Ando em passos alternos, largos e curtos para o lugar nenhum. Em cada amanhecer imploro a noite quieta, cada despertar é em agonia abafada pelo sol. Me encontro perdida em desespero, morrendo todo dia, nascendo todo dia. Recrio-me para o fim me refugiando num tempo que não existe e transcendendo de mim para um eu qualquer, mantendo-me segura em meus próprios erros: motivos inventados pra disfarçar na culpa uma possível rejeição de quem me exige além dos meus propósitos. Redefino-me em obrigação por obrigação. Eu sou tentativa.

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