Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quinta-feira, 10 de julho de 2014

Quando o amor é passado

Sai de casa pensando que ia sem rumo, mas o ponto certo era o bar mesmo, uma cerveja antes de tudo o mais porque não adianta inverter a importância das coisas, tudo começa e acaba na virada de um copo, água, café ou álcool, se cura, ou se mata, o sono, a ressaca ou o tédio. O amor virou a esquina logo na primeira curva, pensei, sem nenhuma surpresa: - ótimo, finalmente saiu. Sem mais amor de facebook. Cansei de amor certo, rima, métrica, quero amar é errado mesmo, fora da linha, amor-carne-sentido, escrever com suor ou sangue, sem mais poesia-bit de grafite, tinta azul ou preta. Papel só se for papelão na chuva à espera dela, a bater na porta sem ver a linha nem o ponto, antes ou depois, nem Caio soube. Dessa vez, toda arte vai ser consequência. A palavra vai ser dita, ou escrita, mas no corpo dela, não mais tela, não mais teclado. Vou trocar o computador pela máquina de escrever e o celular pelo telefone sem fio, porque o amor não é prático, não é só desligar, não basta dar enter. Sai pensando que não tinha rumo, voltei tendo a certeza: o caminho se faz também num passo recuado.

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