Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Sobre amanhã

Caro Cinismo,

eu queria mesmo que você tivesse me deixado quando eu pedi e quase implorei. Mas, como sempre, você conseguiu me convencer que o melhor pra gente era que ficássemos juntos até que tudo se ajeitasse. Me conta, depois disso, por quanto tempo você ainda se enganou pra me enganar também antes de, finalmente, decidir me deixar quando, finalmente, eu achei que daria certo? Tô te escrevendo pra te deixar avisado: tô com a mala pronta, amanhã embarco e nunca mais volto. Diria onde e até quando pretendo ir, mas correr o risco de ver você por perto de novo não quero não. Até porque sempre foi fácil acertar as coisas quando tudo tinha pra dar errado e conheço de cor essa sua manha de provocar casualidades e encontros. Eu sei que de um certo jeito a gente sempre acaba se acertando mesmo, só que pra mim já deu, essa vida sem planos, sem saber como vai ser não tá dando mais. Tá, no fundo, no fundo você sabe, bem que eu queria cruzar nossos caminhos de novo, cruzar, entrelaçar, nem sei, deve ser pela conveniência que você me proporciona com tantas mentiras com cara de verdade de um futuro legal pra gente. Mas, olha, mesmo assim, sabe que vez em quando eu dei pra querer ser solta? Vai que eu me acostumo e, finalmente mesmo, nos deixo ir. Então, me despeço por aqui antes que você chegue em casa e mude de ideia e me convença e me faça mudar de ideia também. De novo. O gás acabou, mandarei o dinheiro do aluguel mês que vem.

Quase sempre sua,
Esperança.

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