Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

terça-feira, 25 de março de 2014

Carta ao amor que fica

Fixa,

finalmente. Estou indo embora dessa cidade. Já nem lembro há quanto tempo venho planejando essa despedida sem adeus, nem por quanto me vendi para ir no primeiro ônibus que me levasse o mais longe possível exatamente na hora marcada e certa. Meu tempo deixou de ser cronometrado no instante em que você disse "não". Finalmente. Prevejo todos os nossos planos do lado de lá, espelhados sem o teu reflexo, falar nisso, deixo meu espelhinho de cabeceira no mesmo cantinho, pode ficar. Do lado de lá, que nem sei ao certo onde fica, mas como há de ficar, não deixo endereço nem telefone, a garantir que você fique cá. E-mail você manda quando quiser, sem tempo de resposta, digo de antemão. Te visito sem hora marcada, me espere quando quiser, prometo. Mando cartões sem postais, para que te lembres apenas das minhas letras, outrora nunca lidas. Aliás, já guarda esta carta, como sendo a primeira, para que não te esqueças no momento presente em que desejares, se bem te conheço, em vão, ter dito "sim". Sim, estou indo embora de ti. Finalmente.

Até.

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