Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

A deixa do amor

Às vezes sinto que vou morrer. Outras vezes, que já morri. O trabalho virou um ato mecânico, tento ser máquina, quero não sentir mais nada dessa dor de tudo. O lazer tem sido como fugas, sair pra não sentir a ausência, encontrar na vida do outro algo que abafe os ecos da minha. Não, nunca aprendi o que é o amor, mas sei o que ele é quando vai embora. Sem ruído. Sem silêncio. Sem desistência. Sem resistência. Sem esperança. O vazio que o amor deixa não deixa espaço pra mais nada. É uma dor que de tão intensa não é sentida, e você procura em qualquer estrago físico traduzir a densidade dela pra saber de si mesmo, sentir o que ainda tem por dentro pra não morrer sem sentir nada, senão você vira só mais um corpo, um número no mundo. Sentir-se dor pra sentir-se vida.

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