Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Querer, poder, sentir...

Não penso em refletir se o mundo acabasse amanhã, mas sim se eu acabasse. O amanhã com o mundo e sem mim repercute totalmente diferente se tudo mais tivesse fim. O que eu faria se eu acabasse amanhã, mesmo sabendo que depois ainda ressoaria o meu eu por ai entre bocas e becos? O que diria?

Talvez falasse em descuido, descaso, desapego. Talvez gritasse independência hoje, morte amanhã! Talvez amasse pra fora, sem medo de magoar mais ninguém, amasse forte e delicadamente, sem receios sobre o outro. Talvez fizesse carinho, carrinhos pras crianças, pulasse da ponte direto no mar, dormisse na praia, dissesse em alto e bom tom o que tenho há tanto tempo enterrado nas minhas entranhas, o que me sufoca de um jeito tão indolor que só machuco os outros. Talvez assumisse que me importo demais ou não me importo mesmo. Talvez gritasse. Talvez corresse. Talvez mentisse ou dissesse toda a verdade. Quem sabe, até arriscasse, declarasse, assumisse. Talvez me permitisse a jogar meu coração por ai, minhas palavras mais desajustadas e sinceras. Talvez não chorasse nada ou o dia inteiro. Talvez ficasse, mesmo sem saber o que fazer. Minha solidão acostumada talvez mudasse de rumo e tomasse o seu, ao menos por um dia.

Não, eu não pediria desculpas, iria correndo mudar tudo de lugar, fazer tudo de novo ou novo.

O que você faria? O que diria?

Talvez possamos ficar sozinhas juntas.

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