Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Incompleto

Antes mesmo de perder o equilíbrio, já estava desequilibrada. Os sons, a fumaça, os bêbados, todos, tudo empurrando pra fora um corpo que não estava mais ali, mas sugando a mente de quem permanecia estático, à espera de alguma coisa, da hora certa ou errada, tinha algo a esperar. Longe e perto, sendo tocada e rejeitada, se mantinha no mesmo lugar, aflita, calma, uma confusão prevendo uma contradição. Abraçava os braços dos desesperados e não conseguia lhe deixar tocar o rosto uma lágrima, era a agonia da noite - a vontade de chorar nos ombros de quem repulsava cada vez mais. Mas os outros choravam por ela, como se sua dor ressoasse por todo o ambiente e a livrasse daquele fardo ao mesmo tempo em que aumentasse, um balão cheio de ar. Não fazia o menor sentido estar ali, sóbria, embora fizesse todo o sentido do mundo.

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