Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

Memória, poeira e lixo

Não sou apegada a coisas materiais. Bem, minha ascendência taurina até que me tende a ser um pouco, mas só um pouquinho. A pisciana aqui tem outras prioridades. Na verdade, não. Sou sim apegada. Ao meu dicionário de Filosofia (DE FILOSOFIA!), aos meus cds piratas cheios de sentimento e segredos, aos meus queridos ursinhos herança de família e poucos presentes de ex-desconhecidos, aos meus livros inúteis, a alguns brinquedos que ainda cheiram àquela infância feliz que nem foi tão feliz assim, mas são meus brinquedos e minha infância, então não importa se foi feliz ou não, minha. Também fui apegada às provas da escola, mas essas descartei quando encontrei um grande amor que não era tão apegado assim e queria que eu me libertasse desses objetos impregnados de passado e carregados de energia negativa. Ainda estou tentando jogar fora esse amor também, apesar dele não ser tão maléfico quanto os objetos que ele definiu. Até hoje me arrependo... aquelas provas, aiai. Terei um quartinho exclusivo pro passado, nem sofro ó. Quero é ter o que é meu, e se puder o que não é também, ser dona. Como esse maldito amor que me joga fora, recicla, joga, desamassa, joga todo dia. Qualquer dia arrumo um tempinho pra dar um jeito nele, vou até tentar jogar fora todas as lembranças dele que guardo numa caixinha. Não, nem vou. Nem quero. Assim posso tê-lo, mesmo que em parte, metade da metade da metade que gostaria de ter. Dele guardei até o primeiro fio de cabelo branco, na carteira, pena que fui roubada há algum tempo. Foi junto com a foto 3x4 que guardava num lugar secreto. Queria construir outras caixinhas, isso sim. Ou ter só essa. Ou ter mais caixinhas dessa. Ou reconstruir em tamanho maior. Enfim... Hoje decidi olhar minhas pequenas coisinhas empoeiradas em cada cantinho do armário, do guarda-roupa, do quarto. Minhas, meus. E não vejo mal nenhum nesse apego. Até porque são as únicas que não me deixam nem vão me deixar se eu não quiser. Ah, esse apego à carência ainda vai me matar de solidão.

2 comentários:

LaSo disse...

.
dá é pena, ó =~
=*
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Inaê disse...

É agora eu gosto dos teus ursinhos...