Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

A primeira esperança morta

Autossabotagem foi tudo o que me sobrou. Young me faz companhia nessa noite de sexta onde tudo era pra ser o contrário. Dormi o dia inteiro, mas mesmo assim continuo na cama, insone, rejeitando convites, desligando celulares e apagando as luzes. Me disseram que tudo o que vinha de mim era lindo, me deram a felicidade de bandeja, me amaram como quem ama as estrelas, mas essa não era eu. O céu está vermelho essa noite. Somente a tristeza é um sentimento puro. A tristeza e o amor rejeitado. O que vem depois disso são fugas de quem acredita no sentido das coisas. As coisas não têm sentido. Eu não tenho sentido, o não sentir que é real, cheio de tudo. A minha sorte é o meu maior azar. Rejeito essa sorte, rejeito a mim mesma, toda felicidade que me vem dou como artificial, rejeito rosas, bombons e declarações, tiro sarro do que sou eu. Um dia eu quis o que não é a solidão, então descobri o superficial, como um peixe fora d’água. O mar, amar, o fundo do poço, a lama, o cru, a crueldade do que é verdadeiro e belo. Cuido do outro como não cuidaria de mim, mas não sou eu. Falo sobre isso, faço aquilo, o tempo todo me apontam contradições como quem descobre algo extraordinário, mas eu sou ordinária, assumo até o que não é meu pra poupar aproximações. Assumo canalhices, provoco marcas de batom, nego o que for decente. Não quero sutilezas. Sou dos absurdos mudos. Um concreto que protege pétalas murchas. O vazio que fica nas coisas mortas, uma herança de amor. Mas ainda espero que a campainha toque e revele tudo aquilo que é mentira por medo de ser verdade. Ainda espero que você apareça e me reconheça, e descubra o que tanto escondo do mundo desde que você foi embora. A loucura de ser sensível.

Um comentário:

Anônimo disse...

blá, blá, blá, blá