Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

domingo, 15 de janeiro de 2012

O mundo é uma mentira

"Num mundo onde só se diz a verdade, não existe a decepção", começava mais ou menos assim a sinopse que li, não lembro o que dizia depois, só lembro que já faz alguns dias que li isso e ainda não esqueci. Tão acostumada a esquecer e não esqueci. Poderia romantizar aqui sobre a memória e o esquecimento, ou sobre a verdade, a mentira, a decepção, mas fugiria do que quero realmente dizer, do que pensei quando li essa frase e o quanto ela foi importante pra fixar de uma forma tão firme em mim. O fato é que ultimamente minha vida tem estado imersa num tipo pegajoso de decepção, o que deixa subentendido o nível de mentiras que têm me rodeado. Mentiras bobas, fúteis, inúteis, desnecessárias, cruéis. Mentiras inevitáveis. Mentiras que um dia foram verdades. E verdades que um dia foram mentiras. Essas coisas que as pessoas contam olhando nos seus olhos, segurando as suas mãos, essas coisas que muitas vezes até essas pessoas querem acreditar. Quando li a frase, quis ir de imediato pra esse mundo da verdade, pensei: troco de pele e deixo toda essa lama pra trás, vou pra onde tudo está posto às claras, limpo e seco, transparente. Mas logo senti um certo desconforto, senão desespero. Olhei pra todas as mentiras que me rodeavam, pras pessoas impregnadas nelas e delas, e vi os sentimentos que rodeavam essas mentiras e essas pessoas, dentre eles a tristeza, a frustração, o arrependimento, a raiva, o afeto, a alegria, o amor. Percebi que num mundo onde só se diz a verdade, não existe a decepção, mas também não existe mais nada.

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