Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sábado, 25 de julho de 2009

A passageira

São em noites de vento curto e seco que muitas almas se perdem e se encontram. Quando tudo pára, silencia, clama por algum ruído; Ela também pára. Silencia. Clama por algum ruído. Interno. Clama por barulho, batidas, convicções de existência. De sensibilidade. De qualquer prova das suas incoerências absorvidas. Procura dentro de si sobras de ternura, pedaços de recomeço da última implosão que no instante a faz cínica, cética. Ah, Amor bandido, sofrido, suado! Deixado. Amor, amor. Amor. Sim. Aquele; aquilo que despedaça toda e qualquer forma de razão, ultrapassa, transcende, desprende, enlouquece, abusa. Por que não uma descrição bruta, humana, real? Ridiculariza. Desabrocha a mais bela das flores, cores. Eleva ao último grau a pureza de uma prisão querida, desejada, exigida. Transforma cacos de vidro recentes em janela de perfeita vista para o jardim mais perfumado. Tudo é paz, caos contido. Inesperado consciente... Despetala em tempestade sorrateira imagens esplendorosas, mas deixa sim os piores vestígios de uma lágrima do ser, de ser. Recria seca, refaz o tempo absoluto em minutos infinitos de trabalho obrigado. Ela pára.

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