Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quinta-feira, 3 de janeiro de 2013

Limite de cotas

Cansei de fingir que nada aconteceu ou acontece. Cansei de fingir que você não me traiu. Cansei de fingir que você não me trata feito criança e de fingir maturidade diante dos problemas que você deixa pra resolver depois. Cansei de ficar em casa esperando você chegar de madrugada, depois de já ter esperando o dia inteiro. E de ligar a TV atrás de um filme qualquer pra não sentir os minutos passando enquanto você fica no bar e bebe mais uma cerveja. E de acumular desilusões pra que tudo fique em paz quando você finalmente resolve aparecer. Cansei de me tornar menos sensível pra que todo erro teu não me magoe e de fingir que não ligo quando você volta simplesmente pedindo desculpas, que não acontecerá de novo, que foi inevitável, e de fingir que acredito quando na verdade sei que esse ciclo nunca vai se dissipar com o tempo. E cansei de ver você ir embora atrás de viver felicidades e liberdades, que sempre estiveram dentro de todos esses fingimentos, todas as vezes que me canso, e me implodo, e desligo a TV, e vou pros bares, e chego nas madrugadas, e não peço desculpas, e me explodo, e me deixar aos pedaços, sozinha, por culpa minha, e esperar que o vento sopre tudo pra longe de ti e então você possa voltar e encontrar somente o que convém, porque é o que sempre resta quando você não está me cansando, fingindo que nada acontece ou nada aconteceu. De me equilibrar no teu desequilíbrio mascarado. De você querer ter tudo e me oferecer apenas uma cota cheia de condições. De ser teu cansaço fácil quando de todo o meu cansaço ainda encontro meu descanso em ti.

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