Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

sábado, 13 de março de 2010

Sem.

As noites clareiam ao amanhecer e tenho estado insensível demais pra entender a causa. Os infinitos passos que deslocam essas horas e trazem a luz no dia seguinte me deixam cansaço e um corpo dolorido; e agora a vista dói demais. Mais magra, copos na mão, um descaminho e essas noites em ruas estranhas, não mais me percebo nem sinto falta. Não estou indo em frente, para os lados, cima, baixo. Nem voltando. Nesses dias, não tenho sido nem estado. E não quero. E quero muito. Sem nada, tudo, sem tons nem melodias, me reconstruo num universo oco com tudo e nada. Mais abatida, cheia de trabalho, um filho, um feriado e nenhuma vontade, além de evitar transpirações e conspirações. Chego e saio, mal percebo, saio de fora pra dentro, chego no ponto de partida. À noite, uma mente que não pára, confusa à meia luz, captando e raptando raios quaisquer que reacendam a partir dos rastros de fumaça um querer verdadeiro e não apenas outro dia que se encerre noutra manhã.

Ontem o céu clareou à base d'água.