Antes
 de tudo, obrigada por nada. Pelo brinde que você não ofereceu, pela 
bebida que você não compartilhou e pelo convite que você não fez. Essa 
ressaca que me toma vem de não sei onde, só sei que acordei assim, sem 
nenhuma dose sequer. Lembro-me de ter desabado e desabafado ontem, mas 
já não me lembro de metade das palavras que soltei, em vão, no teu ar. O
 desabafo se anula. O peso dobra. Quando pensei ter, finalmente, 
encontrado uma pergunta pra minha resposta, dei de cara com a fome de 
tudo o que se completa. E não há nada doce que ludibrie e disfarce essa 
sensação contínua que meu vazio estômago insiste em rebater. Agora fico 
sem respostas e sem perguntas, só com um papel preenchido a ser dado 
como resolvido e arquivado nos fundos de uma sala mofada. Estou gorda, 
não me sustento, e qualquer vento que dá me desequilibra: ando perto das
 paredes, olhando pro chão. Tudo dói, menos o corpo. 
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