Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

quarta-feira, 15 de abril de 2015

O hostil

Adoro quando ele some. Não adoro, na verdade, odeio. Mas tiro disso algo legal porque vomito no papel o que vou jogar na cara dele. Eu ia dizer essa noite que realmente pra mim não dá certo, que eu já tentei de tudo, mas que não dá. Eu sou eu e nem eu mesma posso mudar. Me dói. Em todos os pontos me dói. E eu queria falar pra ele porque ele é meu amigo que me ouve e que me sente. Eu não sou. Não ser é difícil e a gente precisa de alguém por perto imediatamente quando percebe. Eu não sou. E dói. Dói ter tentado esse tempo todo ser. Mesmo tendo sido eu tentei ser. Aí eu não consegui. E tentei de novo. E me perguntaram “por que então”, “por que”. Eu nunca soube responder por que eu fazia, eu fazia, e ia, e tinha, e era, mesmo sem ser, porque eu tinha que ser. Tudo pedia que eu fosse. Enquanto eu obedeci, eles veneraram; eu era infeliz, e falsa. Quando passei a ser ausente e eu, tudo mudou, tudo caiu, menos eu. Eu fui feliz. Eu reconheci a vida. Em cada cara eu procurava um amor que nunca existiria. E doía mais em mim do que em quem eu diria isso. Mas eu tentei tanto. Que doeu.

Nenhum comentário: