Você tem que estar preparado para se queimar em sua própria chama: como se renovar sem primeiro tornar-se cinzas?
(F. Nietzsche)

terça-feira, 13 de janeiro de 2015

Vasos vazios

Cheguei em casa e dei por falta de algo em cima da mesinha no canto da sala, um vaso com uma flor somente havia sido levado. No dia seguinte, senti a ausência de um livro na cômoda ao lado da cama, era um livro de contos que havia ganhado e nem começado a ler ainda, sequer lembrava o nome do autor ou autora. Hoje, cheguei mais cedo, também senti falta de alguma coisa, mas de imediato não soube o que era. Vim pelo caminho inteiro sentindo falta dessa coisa, a lembrar da flor e do livro, do vaso, do autor ou da autora, da mesinha que eu precisava limpar, da cômoda que precisava ser trocada de lugar. Dos livros que eu [me] prometera ler e do jardim que fiquei de brotar no quintal. E fui percebendo nuances em vasos vazios que via por detrás das janelas fechadas das casas escondidas atrás dos condomínios. Cheguei em casa e senti faltas, ausências e carências, e me dei conta de que a solidão é o furto de si, é aquilo que nos foi tirado sem saber onde nem quando nem por quê.

Nenhum comentário: